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As Sementes dos Frutos Futuros
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- Publicado em Domingo, 03 Janeiro 2021 10:33
- Escrito por GILBERTO BRANDÃO MARCON
Quem sabe os frutos no amanhã sejam tão tenros quanto maduros,
Que após os muitos tropeços e outros tantos amargos desencontros,
A estrada do destino torne-se velha conhecida de passos então seguros.
Permitindo vislumbrar aquilo que estava apenas como promessa oculta.
Quem sabe a imagem de sutil queda d’água e seu som grave e harmônico.
Música suave com notas afetivas ao sentido da audição.
Olhos e ouvidos.
Sentidos humanos expandindo-se pela etérea sensibilidade do espírito.
Soma-se a esta imagem, as carícias de suave brisa abençoar o andante.
Some-se a paz adquirida, o impulso da brisa que se transforma em vento.
E a paz não será passiva, mas enérgica e bendita como há de ser a vida.
Que abrace com braços paternais e coração maternal todo o azul do céu.
E horizonte terá a textura de divinos olhos, no claro azul ante ao brilho solar,
No escuro azul, pano de fundo onde movimentam-se as prateadas estrelas.
E a criação estará presente nos dias e nas noites, no corpo e no espírito,
No tempo eterno por onde brincam enlaçados passado, presente e futuro.
E haverá a inspiração que há de ver o homem ganhar as asas do anjo.
E nele estará a pureza conquistada pela vivência, a graça pelo mérito.
E este meio homem, meio pássaro haverá de voar sobre as montanhas.
E sentirá toda a emanação de sua expressão maternal de genitora terrena.
Saberá que foi gerado no seio sagrado que alimentou-o de vitalidade.
E a vida haverá de nutrir nova vida.
E a gratidão reconhecerá o seu débito.
E por ser grato não sentirá que deve,
Mas realizar-se-á por doar-se também.
Semente de luz, divagará liberto pelas trevas
Que seu lume iluminará pacífico.
A mente terá olhar que não necessita de olhos,
Terá movimento sem músculos.
E sendo todo e integral saberá os limites da individualidade
E almejará o universo.
Longe do desejo de possuir,
Estará a vivenciar a consagração do compartilhar.
E em sua solidão não estará sozinho,
Pois já saberá que faz parte do todo.
Sentirá o universo em seu coração
E estará mergulhado na alma do universo.
Abrigado em si,
Estará protegido em moradia batizada pelo sopro do divino.
E o que antes era vagaroso ganhará alta velocidade,
Será intenso pensamento,
Será sereno sentimento
E a paz estará definitivamente adquirida, será eterna.
E o que antes estava, em distantes anos luz
Terão cordial e agradável proximidade.
E os segundos desvendarão os misteriosos segredos da eternidade.
E a efemeridade não será prêmio ao corpo e punição ao espírito.
Pois o que é efêmero terá aprendido a andar de mãos dadas com o eterno.
E a brevidade do corpo não será preocupação,
Mas dádiva para a evolução.
E sendo senil haverá de recuperar a pureza ingênua da criança que ama.
E ser ingênuo não mais causará danos,
Pois que a malícia há de ficar no pretérito.
E a perseguida felicidade
Surgirá a bater com cortesia nas portas da alma.
Livre do perseguidor despojará as vestes de amante
Para ser a esposa prometida.
E amará como somente a feminilidade sabe fazer.
Será antes carinho que carícia.
E a semente viril do céu finalmente terá fecundado o fértil ventre da terra.
E o embrião humano já terá a marca de nascimento celestial,
Pois já o céu desce a terra,
Assim como a terra sob soberana ao céu.
E o que está em cima finalmente
Estará vivificado no que está embaixo.
A essência será o significado
E o apenas aparente já estará proscrito.
E o anjo erguerá o seu sublime voo,
Alçará sereno seu destino rumo ao infinito.
E a gênese do todo terá seu definitivo encontro
Com o que parecia ser a morte.
E descobrir-se como irmãs,
Filhas do único e amoroso Pai,
A mão direita e a esquerda estarão em fraterna congregação..
As mãos que trazem a destra a espada da justiça
E a canhota o cajado do amor.
Asas de um anjo, sonhos de um limitado homem
Ante a ilimitada visão do céu.