(Cidade Administrativa foi a obra mais cara da gestão de Aécio Neves no governo mineiro)
A Polícia Federal solicitou cópias dos registros de entrada e saída de endereços ligados ao empresário Oswaldo Borges, apontado por delatores da Operação Lava Jato como operador do recebimento de caixa 2 de campanhas do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Borges comandou a licitação da Cidade Administrativa, obra mais cara da gestão de Aécio. Segundo um delator da Odebrecht, Borges cobrou e recebeu dinheiro de propina e caixa 2 em favor de Aécio Neves e seu grupo político.
A PF solicitou os registros das sedes da Codemig (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais), presidida por Oswaldo Borges entre 2003 e 2014. Os investigadores também pediram acesso aos registros das sedes da concessiconcessionária de veículos Minas Máquinas, da qual Borges é diretor financeiro, e de um apartamento alugado pela Odebrecht onde, segundo seus delatores, ocorriam as entregas de dinheiro vivo a intermediários de Borges.
O foco nesses endereços é uma tentativa dos investigadores de obter evidências que possam comprovar ou não os relatos de delatores da Odebrecht como Sérgio Neves, ex-executivo da empresa em Minas Gerais. Em depoimento prestado no no ano passado, ele disse à PF que, em 2014, participou do pagamento de pelo menos R$ 5,2 milhões a Borges a título de caixa 2 para campanha presidencial de Aécio Neves e de outros integrantes do grupo político do tucano.
Sérgio Neves disse em depoimento que se encontrava pessoalmente com Oswaldo Borges na sede da Minas Máquinas, em Contagem, município da região metropolitana de Belo Horizonte. Nesses encontros, Sérgio Neves repassava senhas a Oswaldo Borges. Essas senhas deveriam ser utilizadas por um emissário de Borges para a retirada do dinheiro em um apartamento alugado pela Odebrecht na capital mineira. Sérgio Neves disse que chegou a fazer a entrega de R$ 500 mil em espécie nas mãos de Oswaldo Borges. O repasse teria sido feito no dia 3 de novembro de 2014 na sede da concessionária em Contagem.
Aécio Neves responde nove inquéritos no STF. Ele é investigado por suspeitas de recebimento de propina investigadas pela Operação Lava Jato e foi denunciado pela PGR (Procuradoria Geral da República) por ter pedido R$ 2 milhões ao empresário da JBS Joesley Batista. Em entrevistas e pronunciamentos, o senador tucano vem negando sua participação nas irregularidades.