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João de Deus aparece pela primeira vez depois das denúncias de abuso sexual

João de Deus na chegada à Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO) Marcelo Camargo/Agência Brasil

Pela primeira vez depois das denúncias de crimes sexuais, o médium goiano João Teixeira de Faria, o João de Deus, apareceu hoje (12), por volta das 9h30 na Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, Goiás. Ele ficou pouco mais de 10 minutos no local e disse que “não tinha condições de trabalhar”. As primeiras informações sobre os abusos foram divulgadas há cinco dias. A chegada do médium de 76 anos foi tumultuada, pois jornalistas e admiradores o cercaram. João de Deus fundou o centro de atendimento em Goiás em 1976.

De acordo com MP-GO,206 mulheresrelataram, até essa terça-feira, denúncias de abuso sexual contra o médium João de Deus.

FILHA TAMBÉM REVELA ABUSOS

Uma das filhas do médium João de Deus afirmou que sofreu abusos sexuais do pai dos 10 aos 14 anos. A afirmação foi feita em entrevista gravada em 2016 por uma rádio de Goiânia e exibida pelo Jornal da Record na noite desta terça-feira (11). João de Deus nega abuso sexual e diz estar à disposição da Justiça "Ele é manipulador. Ele é mau. Ele é estranho, é diferente. Eu já pedi muito a Deus que ele se arrependesse do que fez e faz", afirmou Dalva Teixeira no vídeo. Segundo ela, sua mãe havia tido um relacionamento breve com o médium e ela só conheceu o pai quando tinha 10 anos. "Quando o conheci, ele tirou minha roupa toda, tirou a dele e ficou a noite inteira me molestando", afirmou. De acordo com Dalva, os casos de abuso se repetiram por quatro anos. "Isso foi até os 14 anos, quando então eu me casei para sair de casa." Ela conta que o pai reagiu com violência ao saber do casamento. "Me bateu muito, muito. Eu fui parar no hospital." Dalva processou João de Deus, pedindo uma indenização de R$ 50 milhões. O processo corre em segredo

O jornalista Thiago Mendes, que gravou a entrevista, disse que foi aconselhado por familiares a não exibi-la na época. "Foi por isso que eu guardei e agora, com [os outros casos] vindo à tona, eu decidi publicar", afirmou.

A Record exibiu ainda um segundo vídeo, gravado por Dalva em 2017, em que ela aparece ao lado do pai e afirma nunca ter sido abusada por ele. O vídeo foi divulgado ontem pela defesa de João de Deus. Segundo a reportagem, os advogados de Dalva informaram que ela teria sido coagida a gravar esse segundo

 O advogado de João de Deus, Alberto Toron, afirmou ao jornal "Folha de S.Paulo", na segunda, que o médium recebeu com "indignação" a notícia de que é acusado de crime sexual e está à disposição das autoridades para esclarecimentos. Em nota enviada ao programa "Conversa com Bial", a assessoria de imprensa do médium negou as acusações contra ele. "Há 44 anos, João de Deus atende milhares de pessoas em Abadiânia, praticando o bem por meio de tratamentos espirituais. Apesar de não ter sido informado dos detalhes da reportagem, ele rechaça veementemente qualquer prática imprópria em seus atendimentos”.