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MIOJO VENCIDO

Legisladores imbecis, sem pauta, sem escrúpulos e semtero que fazer em Brasília, resolveram perseguir a nós, valorosos Lamens.

Um dos projetos a serem apreciados no Congresso determina que Lamens fora do prazo de validade teriam de ir para ONGs de animais abandonados, o que para nós – com todo respeito aos cães e gatos de rua – é um desprestígio e uma afronta. Fomos concebidos para o consumo humano!

Sairemos às ruas e entoaremos o nipo-espaguético canto de guerra, que orgulha a categoria miójica e que tantas conquistas inspirou ao longo de nossa história: Miojos vencidos também serão cozidos! Miojos vencidos também serão cozidos! Miojos vencidos também serão cozidos!

Nossa união começa dentro da embalagem. Só conseguem nos separar às custas de muita martelada ou com água fervendo, e ainda assim após 3 minutos em fogo alto. Depois continuamos juntos na gororoba formada no prato, prosseguimos unidos no estômago do esfomeado e agarrados uns aos outros nos manteremos até a conclusão do trato digestivo, que todos sabem muito bem qual é. Melhor não entrar em detalhes.

Nos últimos anos, temos sido classificados pelas agências reguladoras como “alimento processado”. O que causa indignação é que estamos sendo alvos de ação na justiça sem que tenhamos acesso ao conteúdo do processo ou mesmo à notificação da denúncia, para que possamos elaborar a nossa defesa.

Não nos conformaremos, de maneira alguma, com esta perseguição orquestrada. Nossa ascendência oriental nos dá a dignidade e a honra de verdadeiros samurais, não aceitaremos cair por terra sem antes lutarmos até exaurirmos nossas forças. E se enxergarmos o fim próximo, preferiremos mil vezes o harakiri do que a lata do ixo.

E não é só isso. Organizações antirracismo também se manifestam caluniosamente contra os Lamens de forma geral. Alegam que o formato do produto faz apologia do cabelo claro e cacheado – características do macarrão caucasiano, do qual o exemplo mais conhecido é o chamado “cabelinho de anjo”. Não existe uma versão negra, com massa à base de feijão, berinjela ou azeitona preta, simulando os cabelos crespos dos afrodescendentes. Desejamos que os fabricantes atentem a esta necessidade, oferecendo mais opções de cores e sabores e conferindo aos macarrões de preparo rápido uma pluralidade que reflita a miscigenação da nossa sociedade.

O momento é de inclusão. Somos instantâneos e, por isso mesmo, cada vez mais aptos ao estilo de vida dos novos tempos, onde um almoço ou uma janta que dure mais de 10 minutos pode ser motivo de demissão por justa causa. Porém, por mais instantâneos que sejamos, temos uma longa história a preservar, uma tradição secular que precisamos levar adiante junto às novas gerações.

O desprezo na prateleira, servindo de banquete para os carunchos, é a maior de todas as vergonhas para um Lamen legítimo, de alta estirpe. Não faz sentido, para um alimento, apodrecer sem serventia. LAMENTÁVEL!


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