O papa Francisco começa nesta segunda-feira (15/01) uma viagem ao Peru e ao Chile para defender os indígenas, visitar o coração da Amazônia e reanimar uma igreja devastada pelos escândalos de pedofilia. Esta será sexta viagem do papa à América Latina, mas mais uma vez ele vai evitar a Argentina, seu país de origem.
O Chile, primeira etapa da viagem, se encontra em plena transição política depois da vitória nas eleições presidenciais do magnata conservador Sebastián Piñera, que assumirá o cargo em março. O Peru, onde o papa desembarca no dia 18/01, vive um momento político delicado depois do indulto concedido ao ex-presidente Alberto Fujimori, pelo presidente Pedro Pablo Kuczynski
Em Santiago, o sumo pontífice será recebido pela atual presidente, Michelle Bachelet. A dirigente laica promoveu medidas muito criticadas pela Igreja, como o casamento homossexual e a descriminalização do aborto.
Coração da Amazônia
Em sua 22ª viagem internacional, o primeiro papa latino-americano, defensor dos pobres e excluídos, dará particular atenção aos povos indígenas, tal como fez no México, Equador, Bolívia, Paraguai e Colômbia.
Vítimas da ditadura
Vítimas da ditadura chilena também estão na agenda do papa. Em Iquique, ele se reunirá com duas pessoas perseguidas pelo regime militar de Augusto Pinochet na década de 1970. O gesto simbólico para recordar os anos mais sombrios da história recente do país.
O Vaticano não descartou que o papa também se reúna no Peru com familiares de vítimas de violações dos direitos humanos, indignadas com o indulto concedido ao ex-presidente Alberto Fujimori.
Argentina fica de fora
Depois do Brasil (2013), Equador, Bolívia e Paraguai (2015), Cuba (2015), México (2016) e Colômbia (2017), este é o sexto-giro latino-americano do papa, mas o argentino Jorge Bergoglio evita de novo seu país natal.
A exclusão da Argentina parece ser uma decisão pessoal, mas o historiador italiano Gianni La Bella, da Comunidade de São Egídio, avalia que ele “corre mais risco de ser manipulado em seu país”. Suas mensagens de paz e reconciliação podem ser interpretadas na Argentina como intervenções políticas e verdadeiras alfinetadas contra as medidas neoliberais do presidente Mauricio Macri, pensam alguns observadores, tanto no Vaticano como em Buenos Aires.
Seis cidades chilenas ou peruanos estão no roteiro de Francisco, de 81 anos, durante esse giro latino-americano que acontece de 15 a 21 de janeiro.