O Conselho Nacional Eleitoral confirmou, na noite deste domingo (20), a já esperada vitória de Nicolás Maduro, do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), nas eleições presidenciais daVenezuela. De acordo com o órgão, o atual presidente recebeu cerca de 67% dos votos. O chavista dissidente Henri Falcón recebeu 21% dos votos, enquanto 11% dos eleitores votaram em Javier Bertucci. Maduro comandará o país por mais seis anos.
A eleição, bastante constestada por opositores deMaduro que afirmaram que não vão reconhecer o resultado que teve número recorde de abstenções. Cerca de 54% dos eleitores venezuelanos não foram às urnas. Grande parte da oposição boicotou o pleito, uma vez que o governo de Maduro impediu a participação de seus principais opositores. Com isso, o atual presidente foi reeleito apesar de seu governo registrar 75% de rejeição com a população local.
A reeleição de Maduro causa controvérsia também fora da Venezuela. Uma série de líderes mundiais, como Donald Trump e Emmanuel Macron, tratam o presidente venezuelano como ditador e já haviam afirmado que não iriam reconhecer o resultado do pleito deste domingo.
Principais rivais de Maduro na eleição, Falcón e Bertucci denunciaram fraudes nas eleições presidenciais deste domingo. Além de acompanhar eleitores na cabine de votação, os concorrentes acusaram os governistas de uma espécie de "compra de votos".
Segundo denunciou o ex-chavista que se candidatou para concorrer com Maduro, Henri Falcón, os governistas apoiadores do atual presidente montaram os chamados "pontos vermelhos" muito próximos e até dentro dos locais de votação. Nesses pontos, os eleitores deveriam apresentar o chamado "cartão da pátria" que seria escaneado para saber quais benefícios sociais o eleitor recebia. A partir daí, eles teriam que enviar uma mensagem para um número de celular que recebiam para, enfim, ganhar uma recompensa prometida por Maduro durante a campanha que chegava a até 10 milhões de bolívares (cerca de US$ 10). A título de comparação, o salário mínimo venezuelano é de cerca de US$ 37.
"A situação é generalizada, com a instalação de pontos vermelhos como mecanismo de pressão, de chantagem política, social. Querem mais uma vez comprar a dignidade de um setor da população", disse. Pela legislação vigente, qualquer posto desse tipo deveria estar instalado a pelo menos 200 metros de distância do local de votação para respeitar uma espécie de cerco de neutralidade para os eleitores. Além disso, a justiça venezuelana havia determinado que essa espécie de pagamento não poderia ser distribuída. Mesmo assim, Henri Falcón relatou que recebeu pelo menos 350 denúncias de pagamentos sendo realizados até mesmo dentro dos locais de votação.