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SOMBRAS DE LUZES
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- Publicado em Segunda, 21 Novembro 2022 11:55
- Escrito por GILBERTO BRANDÃO MARCON
Minha alma atemporal
Zomba de mim,
Ri com ironia
Das minhas migalhas de cotidiano.
Vê o distante,
Para depois ocultar.
Me envia mensagens,
Garrafas de náufrago
E eis que o naufrago sou eu.
Não é as águas salgadas do mar,
Mas um oceano de retalhos.
Relíquias de memórias,
Que de tão ressignificadas,
Já não sei se verdadeiras,
Ou meros mitos pessoais de mim.
Não me lamento de nada,
Não há tempo para isto,
Aliás, a sensação é que nunca há tempo.
Pois é a escassez que faz surgir a identidade.
Qual face é a minha
Dentre as tantas imagens
Que os espelhos refletiram?
Deleito com um nada imaginário,
E no vazio pareço encontrar o todo,
Tal como a insignificância
Parece nutrir toda a grandeza da vida.
Nada eu explico, pois não quero explicar,
Não quero definir, pois me diverte o indefinido.
Melhor do que a criação,
É o momento da potência criativa.
Brinco entre brisas e vendavais,
Entre chuvas finas e tempestades.
E penso que o fogo da fênix que me assombra
É antes frio gélido que queima
Do que calor que aquece.
E eis que neste encontro comigo,
Me perco num fluir sem fim
Em fuga me liberto de metas e objetivos
Deixo de me preocupar se existe um propósito.
Existo e ponto, até que não mais esteja.
E rio de quem me pensa perdido
Pois tenho a convicção de assombrar.
Sombras feitas de velhas luzes,
Lampião de chama bruxuleante,
A mesclar-se em luz de raio laser
Numa explosão de tempo
Em que partes de passado
Se encontram no futuro
E na loucura de ser
Faço pousada na lucidez
Em consciência
De suposto presente
Onde habito momentaneamente.