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Trump é protagonista em matérias que tratam do racismo na imprensa online brasileira
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- Publicado em Terça, 20 Março 2018 13:54
- Escrito por administrador
O que diz a imprensa nacional online sobre o racismo, uma das piores chagas da sociedade brasileira? Um extenso levantamento realizado pela BigData Corp em 25 sites e portais de notícias – ao longo de treze meses, de janeiro de 2017 a fevereiro de 2018– traz alguns insights, às vésperas do Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, a ser comemorado dia21 de março. Nesse período, foram monitoradas cerca de 700 mil matérias. Entre elas, 3.310 notícias continham – seja em seus títulos, seja no corpo das matérias - os termos “discriminação racial”, “racismo” e “preconceito racial”. É sobre este universo que uma nuvem de palavras sobre o racismo foi criada.
De longe, a pauta do racismo é capitaneada pelo presidente norte-americano, Donald Trump. De 100% de menções ao racismo, Trump aparece associado a 70,8% delas. Além de Trump, outros substantivos próprios que aparecem no levantamento, em 14,2% das matérias, são William Waack, ex-jornalista da Rede Globo - em função da polêmica que protagonizou ao fazer comentários considerados racistas em um vídeo viralizado nas redes sociais -, o Twitter, com 14,1%, e o Facebook, com 13,3%.
À primeira vista, as questões tratadas na mídia brasileira associadas ao racismo não surpreendem. Nas matérias que citam a questão, os temas que mais aparecem, em ordem decrescente, são: direitos (39,7%), racistas (39,4%), violência (35,1%), história (29,9%), política (27,4%), vida (27,1%), (redes) sociais (26,7%), jovens (26,5%), preconceito (20,4%), governo (20,3%), sociedade (20,0%) e ódio (19,9%).
O outro lado da moeda
Mas, um aspecto que chama a atenção no levantamento é o fato de o termo “negros” ser citado em 62,2% dos textos ligados ao racismo, enquanto “brancos” apenas em 37,7%. “Na imprensa brasileira é grande o número de textos que trata a questão como se o racismo se resumisse apenas a negros, quando, na verdade, o racismo pressupõe uma relação entre agressor e agredido, ou seja, no mínimo, dois grupos culturais e étnicos diferentes. No entanto, o segundo grupo é menos mencionado do que o outro, o que é muito sintomático”, afirma Thoran Rodrigues, CEO da BigData Corp.
Os lugares mais citados pela mídia online brasileira em pautas sobre o racismo são Brasil (60,4%), mundo (33,6%), Estados Unidos (29,4%) e Charlottesville (26,2%), cidade no estado da Virgínia (EUA) onde, em agosto do ano passado, um conflito entre extremistas brancos e manifestantes contrários às teses racistas deixou três mortos e dezenas de feridos. Logo em seguida estão Riode Janeiro, com 24,4% das menções, e São Paulo (19,6%).
Metodologia
O levantamento sobre os temas associados ao racismo na imprensa brasileira utilizou-se da tecnologia debig data.Os sites monitoradossemanalmente foram: ClicRBS, Diariodepernambuco, Estadao, Exameabril, FolhaUOL, G1.globo, Gazetasp, GP1, IG, Infomoney, Istoe, JB, MSN, Odia, Opovo, Osaopaulo, R7, SPJornal, T1noticias, Terrabr, UAI, UOL Noticias, Valor, Veja e Yahoobr. Os dados foram extraídos, filtrados e cruzados para se chegar à “nuvem de palavras” do racismo na imprensa brasileira.