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Erros em hospitais matam 148 pessoas por dia no Brasil, diz estudo
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- Publicado em Quarta, 15 Agosto 2018 14:14
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No Brasil, 148 pessoas morrem por dia devido a erro em hospitais públicos e privados. Ao todo 54.076 pacientes perderam a vida por esta razão em 2017, ano da pesquisa divulgada nesta quarta-feira (15), pelo 2º Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar no Brasil, produzido pelo IESS – Instituto de Estudos de Saúde Suplementar – e e o Instituto de Pesquisa Feluma, da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.
Os 148 óbitos diários por imperícia hospitalar se aproximam das 175 mortes violentas intencionais registradas por dia em 2017, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado no dia 9.
O documento se refere a esses óbitos como “eventos adversos graves”, listando como exemplo infecção generalizada, pneumonia, infecção urinaria, infeccão do sítio cirúrgico, complicações com acessos e dispositivos vasculares. Erro no uso de medicamentos e complicações cirúrgicas, como hemorragia, também preocupam.
A quantidade de mortos por imperícia hospitalar, no entanto, está subestimada, afirma o superintendente-executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro. "O fato de os hospitais analisados no estudo serem considerados 'de primeira linha' indica que a média nacional projetada a partir da amostra estudada provavelmente está subestimando o problema", diz. "É possível que ainda mais brasileiros morram por eventos adversos do que o detectado."
O especialista afirma que, proporcionalmente, "temos no Brasil mais eventos adversos do que em outros países". "A falta de transparência de informações e desempenho impede a comparação entre os prestadores, o que é ruim para o sistema e para o cidadão", opina.
O estudo estima que essas mortes custaram R$ 10,6 bilhões apenas para o sistema privado no ano passado. "Não foi possível estimar as perdas para o SUS (Sistema Único de Saúde) porque os valores pagos aos hospitais se originam das AIHs (Autorizações de Internações Hospitalares) e são fixados nas contratualizações, existindo outras fontes de receita não operacionais, com enorme variação em todo o Brasil", informa o anuário;
Para Carneiro, uma das principais razões para tamanho desperdício é a forma como as operadoras de saúde remuneram seus prestadores de serviço, o chamado "fee-for-service". "Estamos premiando o desperdício", resume. "Nesse modelo, as organizações com maior incidência de eventos adversos e que apresentam piores índices de recuperação da saúde dos pacientes são recompensadas com um aumento das receitas pelo retrabalho
No Brasil, dentre os principais eventos adversos, cinco não contam com qualquer programa de prevenção ou combate, tanto no SUS quanto na rede privada: parada cardiorrespiratória passível de prevenção, insuficiência renal aguda, aspiração pulmonar, hemorragia pós-operatória e insuficiência respiratória aguda
O anuário aponta que as regras que regem o sistema de saúde suplementar também não ajudam. "A norma definida pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) restringe o descredenciamento de prestadores, exigindo substituição equivalente ou superior, inibindo a concorrência", descreve o estudo. O anuário avaliou 182 hospitais entre públicos e privados, mas não informou a quantidade em cada um dos casos.