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Exposição "O Pasquim 50 anos" rememora espírito irreverente e revolucionário do semanário carioca


Sesc Ipiranga comemora cinquentenário da publicação ao revisitar sua história

Apartir do dia 19de novembro, o Sesc Ipiranga recebe a exposiçãoO Pasquim50anos, que comemorao aniversário demeio século da primeira edição do jornal cariocafundado em 1969. Com curadoriadeZélioAlves PintoeFernando Coelho dos Santos, a abertura da exposiçãoacontece conjuntamente ao lançamento da página do Jornal na plataforma digital da Biblioteca Nacional, a qualdisponibilizarátodas as edições do periódico para pesquisa.

O Pasquimsurgiu no final da década de 60 como um projeto do cartunista Jaguar edos jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral. Jovial edebochado,tornou-se símbolo do jornalismo alternativo durante a ditadura civil-militar brasileira, regime instaurado entre 1964 e1985. Seu ar cômico e irreverentedesafiava os preceitos morais da elite carioca. Reportagens e artigos comportamentais que falavam sobre sexo, drogas e divórcio, conquistavam leitores e promoviam discussões singulares para a época.

Responsável por realizar um jornalismo maisoralizado, o semanário ficou conhecido por suas longas entrevistas, feitas principalmente em ambientes festivos, cheias de intromissões dos colaboradores. Batizada de"a patota",as reuniões de pauta uniam jornalistas, cartunistas e intelectuais como Millôr Fernandes, Ziraldo, Jaguar, Chico Buarque, Ivan Lessa, Paulo Francis, Vinícius de Moraes, Glauber Rocha, Odete Lara, CarlosPrósperi,Sérgio Augusto, Henfil, Fortuna, Cacá Diegues, Miguel Paiva, CarlosLeonam, entre tantos outros.

A exposição

Definida como uma exposição "eminentemente gráfica" por Daniela Thomas, cineasta e cenógrafa que assina a expografia junto a FelipeTassarae StellaTennenbaum, a história do semanário ocupa toda a Unidade com diferentes formatos.

Na Convivência, área destinada principalmente a leitura e encontro,aintervenção O Som do Pasquimt raz discos de vinillançados ao longo da história do jornal. Com fones de ouvidos e banquinhos, a estruturaapresenta obras comoaprimeira gravação deÁguasde Março,de Tom Jobim, produção que lançou João Boscono lado B; Caetano Velosolançando Fagner;JorgeBem e Trio Mocotócomparticipação de Leila Diniz;entre outros.Além disso, ovisitante pode ouvir oLP Anedotas do Pasquim compiadas contadas por Ziraldo, ChicoAnisio, Golias e Zé Vasconcelos. Ainda no espaço, uma Linha doTempo que através de 50 capas, e textos complementares, proporcionamuma viagem pelo tempoentre 1969 e 1991, ano da última publicação do periódico.

O Quintal da Unidade recebe diferentes intervenções:As Máximas do Pasquim, coletânea de frases lema que foram publicados em todas edições, entre elas"Pasquim, um jornal a favor do contra" e "Na terra de cego quem lê Pasquim é rei" ocupam a parede do solário.

Estruturas giratóriasqueapresentam quadrinhos de diferentes artistas também são destaque na exposição. Cerca de 12 produçõesinéditastrazem Histórias da Patota contadas porartistas comoPaulo Caruso,Luiz Gê, Miguel Paiva ePryscilaVieira.

Na área superior,a Praça de Ipanemar elembra o famosobairro cariocaonde oPasquim nasceu e fez sucesso.

No Galpãoda unidade, uma Redação com 26 rotativas de diversos trabalhos publicados é recriada para o público imergir na realidade do periódico. Uma mesa-vitrine traz fotos, livros e revistas selecionados pela curadoria. Além disso, os visitantes também podem ouvir histórias dos colaboradores em um telefone e redigir suas ideias em uma máquina de escrever.

Em frente a principal áreaexpositiva,o espaço Turma do Pasquim exibecerca de33 integrantes dapatotaem homenagem aos mais de 4 mil colaboradores do jornal.Nomes como Millôr, Chico Buarque,Caetano Veloso,Vinicius de Moraes,JôSoares eElkeMaravilha sãorepresentados em tamanho realacompanhados por uma curta biografia.

Também na área externa, A Gripe do Pasquimr evive o momento em que onze integrantes do semanário foram presos. O motivo da detenção teria sido uma brincadeira: entre os conteúdos da 71ªedição eo quadroIndependência ou Morte, de Pedro Américo, que ganhouum balão sobre a cabeça deDomPedro Iquedizia: "Eu queromocotó! ".Nesse espaço serão apresentadas histórias dapatotano "tempo de xilindró"através de vídeos, cartuns censurados e diversos outros registros.

Outras duas salas brincam com as diferentes formas que os redatores trabalhavam astemáticas da época. Na sala Pasquim Ativistac artazes e placas com frasescobrem as paredes e rememoram o comprometimento do semanário com assuntos como a sustentabilidade, anistia e asdiretas já.O segundo espaço, denominado Pasquim Incorreto, é composto por módulos quelembrammonóculos, etrazrecortes de diversosconteúdosque fizeram parte da publicação, com a proposta deque sejam vistos pelas lentes do passado eprovoquem reflexões sobre o presente.

Para Fernando Coelho dos Santos, um dos curadores da exposição, "a seleção dos trabalhos que compõem a exposição propõe um olhar na trajetória desse periódico de humor através da história dos costumes e da política brasileira, tendo como protagonistas autores geniais que, mesmo nas dificuldades, mantiveram o jornal rodando. "

Sobre a plataforma

Conjuntamenteaexposição,aFundação Biblioteca Nacionallançaum site dedicado ao semanário. Além de todas as 1.072 edições digitalizadas, a plataforma possibilita a pesquisa no conteúdo por meio depalavras-chaves. O trabalho de digitalização levou mais de um ano eteveo apoio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e do cartunista Ziraldo, que cederam exemplares para completar a coleção da Biblioteca Nacional,além da colaboração deFernando Coelho dos Santoscom a produção de conteúdo.

A plataforma conta também com uma seção de "memórias", com textos produzidos por colaboradores do Pasquim e índices de seções do jornal, trazendo uma nova experiência para o público. Foram identificados mais de quatro mil colaboradores e mais de 200 seções ao longo dos 22 anos em que o Pasquim circulou.

Digitalizadas e disponíveis no portal de periódicos da Biblioteca Nacional - a Hemeroteca Digital Brasileira - a plataforma integra um acervo de mais de sete mil títulos históricos em formato digital.

Serviço

Abertura:dia19 de novembrode 2019, às 19h

Visitação:20/11 de 2019 a 12/4de 2020

Terça asexta, 9h às 21h30

 Sábados, 10h às 21h30

Domingos e feriados, 10h às 18h30.

Grátis

Sesc Ipiranga

Rua Bom Pastor, 822 - Ipiranga | (11) 3340-2000