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MEU CUNHADO DEVAN

Neste momento, estou em uma praia tranquila na cidade de Ubatuba. Gosto de passear, conhecer lugares diferentes como todo o ser normal. Não perdi a oportunidade quando um casal de amigos, em férias, convidou-nos para vir. De imediato, saquei o celular, verifiquei uma pousada próxima onde ficariam e fiz a reserva. Simples assim. Recebi os e-mails confirmando, olhei a previsão do tempo, que parecia ser bastante bom, e fui em frente.

Gosto de praia, afirmo ser o lugar mais democrático do mundo. Morei uma temporada no litoral e é mais ou menos assim. Não tem o que fazer, junta as crianças e vai para a praia. Tá sem dinheiro, curte o sol e o mar e basta; a grana tá sobrando, pode comer qualquer coisa e tomar umas biritas; nâo tá bom nem ruim, compra no supermercado e leva. Sai mais em conta.

Tenho um cunhado de São Sebastião da Grama, amigo Devan, que é mestre nisso. Desde a noite do dia anterior deixa tudo preparado. Cadeiras, guarda-sóis, lanches, bebidas e logo de manhãzinha arruma lugar privilegiado na areia para passar o dia. O povo chega aos poucos, se arranja e a alegria é total. Ele não é de beber, mas, na praia, já viram, sempre corre uma batidinha. Acontece que, quando sobe o grau etílico, ele, excelente corretor que é, começa a comprar todos os apartamentos da praia. Compra aqui, compra ali, de frente pro mar, para os fundos, com piscina, sem piscina, dois quartos, três quartos, uma vaga, duas vagas, três vagas, até que bate a canseira por tanto comprar que se entrega a um belo cochilo. Ao acordar, refeito das caipirinhas, vai se desfazendo de todo o patrimônio.

Da última vez que estivemos na praia, ele se hospedou na Astúrias, muito próximo ao famoso triplex que disseram ser do Lula. Nesse compra e vende, vende e compra, quando da invasão que ocorreu há algumas semanas, mandei uma mensagem para ele: “Viu o que aconteceu? Invadiram o apartamento que você comprou!”

A vida é uma festa.

É isso, bom domingo.