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QUALIDADE DO SONO

Esse mundo da tecnologia a cada dia me surpreende mais! Se não bastassem os aplicativos para todos os fins e meios, dia desses, meu filho Lucas, mostrou-me um que avalia a qualidade do sono. Tudo bem que ele já reclamou várias vezes que tem dificuldades em dormir, mas provavelmente pelo esgotamento ligado aos cálculos e fórmulas da engenharia mecânica do que pela vida das formigas no planeta. Às vezes, como todo ser humano normal, também tenho dificuldades e não consigo contar carneirinhos ou pensar nas agruras das formigas do planeta. Decidi, de imediato, que baixaria o tal aplicativo. Peguei o nome, sentei na sala, e comprei a versão “top”. O que faz? Pois bem, vou contar. Na hora de dormir, já debaixo das cobertas, cabeça recostada no macio travesseiro, coloca-se o celular no criado-mudo (quem será que deu este nome?) na posição recomendada, ativa-se a hora que você quer despertar e pronto. Durante toda a noite, de acordo com a sua respiração, ele mede a qualidade do sono. Mesmo que você durma com outra pessoa, garante o fabricante, ele capta apenas os seus sinais. Na manhã seguinte, ele pergunta o seu humor (nunca sei o meu humor quanto acordo), e mede os batimentos cardíaco. Muito bem, feito isso, nos dá o gráfico de hora a hora do seu sono, se foi leve, médio ou profundo (quando mais profundo melhor) faz um comparativo com a qualidade do sono de pessoas de diversas partes do planeta, traz gráficos comparativos. Como busca dados nos programas de atividades físicas, avalia a influência do estresse orgânico na qualidade do seu sono e, o mais bacana, grava o seu ronco. Exatamente! Está lá um item que diz: “Ronco: 5 minutos.” E aquela figura do alto-falante ao lado para os incrédulos, como eu, que precisam, além da informação, o som. Fica gravado bonitinho todas as suas roncadas noturnas. Nos primeiros dias, achei bastante interessante e mostrei para toda a família. Hoje já não sei, nem se valeu o investimento de R$ 92,00 por ano.

Ah! Ia me esquecendo de um detalhe que faz valer cada centavo gasto. Acontece que tem o “sair da inércia do sono”. Na hora programada o aplicativo começa a tocar uma musiquinha quase inaudível e vai aumentando suavemente para que faça o despertar em trinta minutos. Muito melhor do que aqueles despertadores barulhentos que quase nos derrubam da cama e deixam-nos com o coração palpitando. E o meu pai então, que nos acordava puxando-nos pelos pés com a mão gelada de quem vivia rondando a casa pela madrugada. Outra coisa, há um auxilio para dormir. Liguei para experimentar. Era um suave barulho de mar. Ondas que iam e vinham. Fiquei escutando aquilo e não conseguia pegar no sono. Desliguei e me concentrei em imaginar ser o super-homem. Sempre deu muito certo para mim.