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TEMPOS E VIDA

CRÔNICA DO DOMINGO

Continuo madrugando, acordo às cinco horas, bem que poderia ser mais cedo. Acontece que, pela manhã, as ideias estão frescas e o trabalho rende. Para pensar, os enredos surgem, para ler, o entendimento é mais fácil; mas, o que mais dá prazer é saber que quando já estou na labuta, muitos dormem. Parece-me (sei que carrega o engano) que saio, desta forma, na frente, na guerra diária que se tornou nossas vidas. Se assim me sinto bem, que mal tem?

Depois, ficar fazendo o quê na cama se teremos, em algum momento, o sono eterno? Nossa, essa foi de doer! Mas não importa, carrego essa percepção e com a idade evoluindo, cada vez mais me convenço do que ouvia na infância: “Aproveita enquanto é novo, pois na minha idade não consigo fazer mais nada.” No futebol, por exemplo, minha época passou. O que deixei de jogar na juventude, por um motivo ou outro, não conseguirei. Ah, mas pode brincar entre os da terceira idade! Sinto muito, o jogo não foi feito para a terceira idade. Vai que quebra uma perna, um braço, torce o tornozelo, o joelho; sabem quando vai ficar bom de novo? E a coisa que não quero é andar arrastando a perna. Sei que em todas as idades existe muito que fazer, mas precisamos fazer.

Há pouco, inventei e enveredei, junto com um sobrinho, pela mata na tentativa de chegar à Cachoeira do Bugiu (já contei por aqui). Pois bem, quase morri na empreitada. Pensam que não sinto vontade de subir no alto da Cascatinha e me atirar de ponta como na juventude? Sinto imensa vontade e acredito piamente que sou capaz. Desisto. Outro dia meu cunhado disse-me que não se arrisca nem a subir na escada para trocar a lâmpada. Também, aí é demais! Junto com a Luciane, minha esposa, relembramos o dia em que, ainda criança, ela segurava a escada para seu pai. Cansada da monotonia da missão, largou para pegar um banquinho e continuar a empreitada sentada. Justamente neste momento, meu sogro veio abaixo. São trabalhos enfadonhos para crianças, assim como era ficar segurando as madeiras para meu pai construir as armações do muro que inventou construir. Na primeira oportunidade, sentava e lá vinha xingamento: “Já sentou?”

As coisas têm seu tempo, as pessoas têm seu tempo, os amores então, nem se fala. Mas, de amores e tempos, vamos deixar para outra ocasião.

É isso, bom domingo!