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PASSE E FUTEBOL
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- Publicado em Sábado, 22 Setembro 2018 18:20
- Escrito por FERNANDO DEZENA
CRÔNICA DO DOMINGO
PASSE E FUTEBOL
Faz tempo que o futebol não me traz alegria. Acontece que meu time, o glorioso tricolor do Morumbi, andou em baixa nas últimas temporadas. O ano passado, nem comento, quase caímos para a segunda divisão jogando um futebol medíocre. Tivemos que chamar reforços de última hora para evitar o pior. Agora, pegamos um bom embalo e assumimos a ponta do campeonato. Bem que, pela qualidade dos jogadores que compõem as equipes, não vejo grande vantagem. Ainda nas fraldas, os novos valores, vão para os berçários dos clubes europeus. Depois de ricos, no entardecer da carreira, escolhem um time no Brasil para dependurar as chuteiras.
Joguei futebol durante um bom tempo. Não posso dizer que era de todo ruim e venho da época em que éramos obrigados, ao menos, saber dominar uma bola e diziam, quando o passe era interceptado pelo adversário, que o jogador havia “telegrafado o passe”. Hoje, a maioria da população, nem sabe o que é o telégrafo. Falando em telégrafo, lembrei-me do telex, aquela maravilha que trabalhava sozinha, recebendo e mandando mensagens, enquanto estávamos ocupados em outros afazeres. Hoje, os comentaristas esportivos, diriam que ele mandou um “whatis” do passe.
Bem que passe bom mesmo é aquele de terreiro. Não conheço, não tenho amigos que conheçam, mas em diversas portas e postes em São Paulo, existem anúncios de trabalhos. Li um esta semana que garante e pede o pagamento só depois de resolvido o problema. Geralmente a promessa é trazer o amor de volta ou fazer vir aquele que nem se foi. Se quiserem, anoto o telefone e passo.
Vocês se lembram da Dona Flor e seus dois maridos? Pois é, a quem ela recorreu quando a saudade do Vadinho apertou? Também, o mesmo, quando não suportava mais viver com dois homens: um dá terra e o outro do além. Encomendou, no mesmo terreiro, que as forças o sugassem de volta e o danado foi.
Bem que esse tipo de passe não tem nada a ver com futebol nem com o telex. Só que, do jeito que a carruagem anda, dentro em breve, ao invés do terreiro, Dona Flor, apenas passará uma mensagem para o outro mundo. Eu disse para o outro mundo, pois para este já tem muita gente passando.
É isso, bom domingo.