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Brisas de Silêncio

 

Nuvens sobre o olhar,  

Um silêncio interno quer dizer algo. 

Uma miopia de alma tentar ver, 

Desvendar o que não é claro. 

Um vidro embaçado

Entre o real e seu significado. 

A voz distante sussurra versos, 

E estes timidamente  

São esculpidos em letras 

Que moldam lentamente palavras. 

Como que sombra de si, 

Como uma parte opaca e oculta. 

Existem lábios fechados que nada dizem, 

Mas um coração a pulsar manso, 

Como que em fuga do peito que o abriga. 

Nó na garganta,  

Uma tristeza indevida, 

Marcas invisíveis de velhas feridas. 

Mas eis que algo consola, 

Algo produz musical oração. 

Eis que não vê, apenas sente, 

E por instante o corpo descansa, 

Deita-se sobre o solo,  

Para receber uma chuva fina 

Que é toque de seda sobre a epiderme. 

Existe um frescor de água limpa, 

Como que batismo solitário de si. 

Como em erguer-se das próprias cinzas. 

E então não arder em fogo,  

Mas apenas ser delicada chama de uma vela. 

E ali se concentra o olhar, 

E este vê o mundo,  

O mundo que vai distanciado, 

Até que as gotas de chuva, 

Se mesclem em lágrimas de luz, 

Pois que são as estrelas que choram. 

Pois é o céu que abre os braços. 

E então tudo se aquieta, 

E boca murmura uma prece, 

Que sorri em alegre poesia.