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Atentados contra bazar e consulado chinês deixam 32 mortos no Paquistão
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- Publicado em Sexta, 23 Novembro 2018 14:34
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Policial caminha próximo aos restos de um carro carbonizado defronte ao consulado chinês em Karachi (foto EFE/SHAHZAIB AKBER)
O Paquistão viveu nesta sexta-feira um dia sangrento com um atentado suicida com bomba em um bazar do noroeste do país, que deixou 25 mortos, e um ataque de grande simbolismo, com sete mortos, no consulado da China, o principal aliado do país asiático, em Karachi.
Por volta das 9h30 local (2h30, em Brasília), três homens armados começaram a atirar e a jogar granadas ao tentar entrar no consulado chinês em Karachi, algo que não conseguiram, informou à Agência Efe o porta-voz da Polícia da cidade, Mohammed Ishfaq. A situação provocou um confronto entre as forças de segurança e os agressores, que se prolongou durante mais de meia hora, até que os terroristas foram mortos.
Ishfaq afirmou que os três agressores, um deles com um colete cheio de explosivos, e dois agentes da Polícia morreram no ataque, e um guarda de segurança ficou ferido.
Seemi Khamali, porta-voz do Hospital Jinnah, para onde os mortos foram levados, disse à Agência Efe que além dos corpos de dois policiais, também foram recebidos os corpos de dois civis, um pai e seu filho que tinham ido ao consulado para solicitar um visto.
Pouco depois, o ministro de Relações Exteriores paquistanês, Shah Mehmood Qureshi, afirmou que os agressores queriam sequestrar cidadãos chineses. "Havia cerca de 21 chineses no consulado e todos foram levados a um lugar seguro", afirmou o ministro diante da Assembleia Nacional (Câmara Baixa).
O Exército de Libertação Baluchi, que busca a independência da província sudoeste de Baluchistão, reivindicou o ataque contra o consulado.
"O objetivo do ataque é claro: não toleraremos a expansão militar chinesa em solo baluchi", afirmou o grupo em comunicado.
A China possui grande presença em território paquistanês devido ao projeto Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC), um projeto multimilionário de infraestruturas financiado por Pequim com um investimento de US$ 60 bilhões.
O CPEC, iniciado em 2015, financia a construção de uma rota comercial que ligará a cidade de Kasghar, na província noroeste chinesa de Xinjiang, com o porto paquistanês de Gwadar (sudoeste) no Baluchistão, dando à China uma saída para o Mar Arábico.
O primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, afirmou na sua conta do Twitter que o ataque "fracassado" é uma reação aos acordos "sem precedentes" fechados em uma recente viagem à China. "O ataque tinha a intenção de assustar os investidores chineses e debilitar o CPEC", afirmou o líder, que ordenou uma investigação sobre o ocorrido.
O Governo chinês reagiu rapidamente com uma condenação ao ataque e pediu ao Paquistão que "tome medidas para garantir a segurança dos cidadãos chineses que trabalham no país", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China Geng Shuang em entrevista coletiva.
Este não é o primeiro ataque contra chineses em território paquistanês.