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BRASIL EM 110º NO ÍNDICE DE LIBERDADE DE IMPRENSA 2022. E ENTRE OS 10 PIORES DA AMÉRICA LATINA

Foto: Mikhail Mamontov /Pixabay

 

O Brasil não tem muito a comemorar neste Dia Mundial de Liberdade de Imprensa, celebrado em 3 de maio: no 20º Índice Global de Liberdade de Imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que foi apresentado na manhã de hoje em Londres, o país ocupa o incômodo 110º lugar entre 180 países analisados. 

O estudo deste ano, que apontou a Noruega em primeiro lugar, destaca “os efeitos desastrosos do caos no ambiente de informação, causado por um ambiente globalizado e desregulado que alimenta fake news e propaganda política”.

Na análise sobre o Brasil, a organização afirma que “a relação entre a imprensa e o governo se deteriorou muito desde a posse do presidente Jair Bolsonaro, que ataca regularmente jornalistas e a mídia em seus discursos” e “mobiliza exércitos de apoiadores nas redes sociais como parte de uma estratégia de ataques coordenados para desacreditar a imprensa, rotulada como inimiga do Estado”.

Na definição da Repórteres Sem Fronteiras, liberdade de imprensa consiste na “possibilidade efetiva de jornalistas produzirem e divulgarem informações de interesse público, independentemente de interferência política, econômica, jurídica e social, e sem ameaças à sua segurança física e mental”.  A entidade vê o aumento da polarização ajudada pela falta de liberdade de imprensa como fator gerador de divisões internas entre as populações e nas relações entre países.

O topo do índice é ocupado por um trio de países nórdicos apontado pela Repórteres Sem Fronteiras como modelos democráticos onde a liberdade de expressão floresce. É formado por Noruega, que repetiu o primeiro lugar do ranking anterior, seguida por Dinamarca e Suécia.

Em quarto lugar aparece a Estônia, que subiu 11 posições desde a edição anterior e foi o único país que passou de uma situação satisfatória no ranking passado para uma situação boa este ano. Completam o quadro a Finlândia (5º), Irlanda (6º), Portugal (7º) e Costa Rica (8º), o único país de fora da Europa avaliado com uma situação boa de liberdade de imprensa.

AMÉRICA LATINA

O 20º Índice Global de Liberdade de Imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), divulgado nesta terça (3 de maio, quando se comemora o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa) posiciona a situação da liberdade de imprensa do Brasil entre as dez piores da América Latina.

Dos 26 países analisados na região, dezesseis deles receberam uma avaliação melhor do que a do Brasil quanto às condições de liberdade de liberdade de imprensa local.

A RSF avalia que a pandemia continuou a desempenhar em 2021 o papel de aceleradora das restrições à liberdade de imprensa na América Latina. A crise é apontada como responsável por sérias dificuldades econômicas para a imprensa e graves barreiras de acesso a informações sobre a gestão da crise de saúde pública. Em suas análises regionais, a entidade avalia que o ambiente de trabalho dos jornalistas na América Latina está cada vez mais nocivo e tóxico, afetando a liberdade de imprensa. 

O Diretor da RSF para a América Latina, Emmanuel Colombié, ressalta que há uma desconfiança crescente em relação à imprensa. Ele afirma que a retórica antimídia é mais acentuada no Brasil, Cuba, Venezuela, Nicarágua e El Salvador: “Os ataques públicos são cada vez mais visíveis e virulentos. Isso enfraquece a profissão e incentiva processos abusivos, campanhas de difamação e intimidação, principalmente contra as mulheres, e o assédio online contra os jornalistas críticos.”

O Brasil ficou na última colocação do grupo de nove países ou áreas cuja situação de liberdade de imprensa foi classificada como problemática na América Latina.

Esse grupo é formado por Suriname (52º), a comunidade de ilhas do Caribe Oriental (55º), Equador (68º), Haiti (70º), Panamá (74º), Peru (77º), Chile (82º), Paraguai (96º) e Brasil (110º).

A fim de refletir a complexidade da liberdade de imprensa, cinco indicadores são usados ​​para compilar o Índice: o contexto político, a estrutura legal, o contexto econômico, o contexto sociocultural e a segurança.

Na análise sobre o contexto sociocultural do Brasil, a RSF afirma que “a retórica agressiva do governo Bolsonaro em relação aos jornalistas e à imprensa tem contribuído para o fortalecimento de uma atitude hostil e desconfiada em relação aos repórteres na sociedade em geral”. Para a organização, a “ampla disseminação de desinformação continua a envenenar o debate público”.

Na América Latina, a honrosa exceção é a Costa Rica, que continua, a exemplo do ranking anterior, entre os países com melhor situação de liberdade de imprensa do mundo. O país centro-americano ocupa o invejável oitavo lugar geral e lidera com folga o ranking latino-americano. Além disso, é o único país não-europeu entre os oito que tiveram sua situação local de liberdade de imprensa classificada como boa.